sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

Capítulo 9 - Diário - Viagem China



Capítulo 9 - Diário - Viagem China

21 de março de 2005 - Segunda-Feira

Guangzhou.
Nunca vi tantos chineses juntos. O que mais impressiona é a quantidade de pessoas por todo o lado. Fiquei farto da Feira e da quantidade de gente que por lá andava.
Decidi que já chegava. Tirei o dia para descansar. De manhã levantei-me às 9 horas e fui à pressa ao pequeno-almoço, já no “red line” do horário do restaurante. Esta modernice dos horários só é válida para inglês ver. Pelo que tenho observado, come-se a toda a hora, em qualquer lado, de qualquer maneira e de tudo. É típico ver uma pessoa no passeio, sentada nos calcanhares com uma tigela e dois pauzinhos, tranquilamente, a ter a sua refeição. Todas as horas são boas para comer.
Quando cheguei a Shenzen, uma semana atrás, fui confortar o estômago numa tasca escolhida por ter fotos dos pratos servidos. Para quem não consegue entender nem se consegue fazer entender, nada melhor do que poder apontar para algo que se assemelha a uma boa refeição. Assim eu esperava, já que escolhi um prato com uma perna e coxa de frango, empoleirado em cima de uma torre de arroz e legumes verdinhos e com excelente aspecto. Tudo “nos trinques”. O que falhou foi a cozedura do frango. Era frango praticamente cru, cozido ligeiramente no vapor. Valeu o arroz e os legumes.
Após o pequeno-almoço fui para a rua meter o nariz em tudo. Tomei alguma consciência do que é a China andando na rua, nas lojas, nos mercados, nos bairros, nos pátios, etc. Os chineses, por questões de espaço, têm pouca privacidade, pelo que é normal irmos numa rua secundária, dentro de um bairro e desviarmo-nos para um canteiro porque a família que habita aquela porta tem mesa montada na rua. Os espaços privados das habitações são reduzidos, pelo que qualquer espaço disponível tem, imediatamente, utilidade que não o fim para o qual foi concebido. Nesse mesmo dia deparei-me com uma pessoa a tomar banho no passeio, onde um pequeno alguidar de plástico servia de banheira improvisada. Apesar de ter dado corda aos sapatos, ainda tive direito a champô aos salpicos. A China no seu melhor, na sua essência. Tive pena de não fotografar parte dos sítios onde estive, só que o tamanho atijolado da máquina fotográfica que à data tinha, inibia-me de a transportar diariamente, para todo o lado. Segui a corrente humana e dei comigo numa zona de lojas e mercado de rua. Ainda hoje estou para descobrir que molhos eram aqueles que via com regularidade, em cestos, e caixas de cartão, nessas ruas por onde passei. Suspeito que fosse fogo de artifício. Talvez se avizinhasse uma época festiva, propícia a que as pessoas comprassem daquilo aos molhos.
Estive seguramente 10 minutos a ver um cozinheiro de patos. O trabalho deste senhor consistia em tirar os patos do forno e cortá-los em pedaços com tamanho adequado para ser comido com os pauzinhos chineses, dentro de pequenas cuvetes de plástico. A sua destreza deixou-me deslumbrado e pregado á montra. Às tantas já o chinês estava numa de exibição, com o cutelo a subir e descer de forma artística, tipo circo para português ver. Um pouco mais á frente, não consegui entrar no mercado da carne crua. Dramático para mim. Depois de deixar de fumar, fiquei com o olfacto muito apurado e tenho uma maior sensibilidade para os cheiros, tipo cão de caça. O cheiro que vinha daquela zona ajudou a que, actualmente, quase não cozinhe carne e me repugne o seu cheiro. Aí perto, apesar da gripe aviaria, viam-se centenas de gaiolas com bicharada de penas.
Vi uma lojinha no mercado cuja especialidade era a venda de pauzinhos chineses. Tinha-os de toda a qualidade e feitio, de várias cores, de vários tamanhos e materiais. Antevendo um gosto futuro pela coisa, comprei cerca de 20 caixas com 10 conjuntos cada para oferta e consumo próprio. Ainda hoje utilizo diariamente esses pauzinhos que trouxe da China em Março de 2005.
Depois de um dia inteiro a deambular por Guangzhou procurei, mais uma vez, um sítio para beber um café em condições, já que o café da véspera (ou algo parecido) não me preencheu a lacuna de cafeína, em défice havia já alguns dias. Apesar da máquina adequada, do tamanho da chávena (que não era balde), do cenário, não tinha nada a ver com um café como devia ser.
Hoje é que vai ser, pensei eu. Não vou falhar. A táctica: Ir a sítios onde abunda a clientela ocidental, consumidora tradicional de café, onde existe um serviço mais para ocidentais do que para o cliente local. O alvo: O bar de Hotéis 5* e afins. Siga. Entrei num hotel central com pompa e circunstância. Dois “generais” à porta, vénia, chapéu na mão e eu à procura do bar. Nem foi preciso procurá-lo muito, já que era bem visível do lobby. Primeira dificuldade. O bar não tem balcão, só serviço de mesas. Não me permite fiscalizar a operação de tiragem do café. Vou caprichar no pedido. Sentei-me e quase de imediato apareceu o empregado. Pedi-lhe o EXPRESSO COFFEE, NO MILK, SMALL CUP, NO SUGAR, SINGLE, … THANK YOU.
35 RMB (3,5€), normal para o sítio. Eficiente no serviço, normal para o sítio. Triplo abatanado, normal para o sítio. Será que estes gajos não têm mesmo Starbucks numa cidade deste tamanho?
Cama e 

Zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz............zzzzzzzzz............zzzzzzzzz...........zzzzzzzzzz..........zzzzzzzzz.........zzzzzzzzz...........zzzzzzzzzzzz........zzzzzzzz.


Continua...

Nenhum comentário:

Postar um comentário